Se compararmos os valores dos mercados de endereços IPv4 de 2020 para 2021 teremos um aumento considerável. Pois, se em dezembro de 2020, a quantia era de, aproximadamente, US$ 27, no final deste ano foi para US$ 55 por IP.
Vale lembrar que, anteriormente, foi preciso mais de meia década para que isso dobrasse.
E aí, você se pergunta, por que esta mudança tão discrepante? Nós explicaremos agora!
Negociações de Endereços IPV4 e sua alta valorização
Se de um lado, há empresários e profissionais da área que são a favor da formação destes mercados, outros analisam que tal tratamento foi uma decisão forçada e até equivocada.
Mas vamos olhar o ‘copo meio cheio’ e debater as tendências e perspectivas desta área que é tão promissora e, porque não, o futuro.
Sem endereço na Web
Se pensarmos na década de 1980, a prática de distribuição de endereços era completamente diferente. Era só o usuário pedir, que os IPs eram alocados de maneira gratuita. Atualmente o custo por um bloco IpV4/22 e IPv6/32 e do ASN esta R$ 5650,00 ( USD R$ 1000,00 ) e esta previsto para 2026 R$ 11865,00 ( USD 2100.00 ) para um provedor de internet, telefonia voip, tv por assintura ou para outras empresas que utilizam a tecnologia IP.
Se por um lado isso pode ser viável (e a visão, naquele momento, era de que a internet seria um experimento ‘de curto prazo’), por outro, é inconsistente para uma vida mais extensa dentro da rede mundial de computadores.
E O QUE HOUVE DEPOIS?
Depois disso, visionários do setor não só ‘pegaram emprestadas’ essas ideias, como as transformaram em negócio. Com infra estruturas mais completas e um serviço de manutenção que, em suma, era para ser eficaz.
Porém, o erro foi manter a nomenclatura e o endereçamento, junto com a abordagem de comutação de pacotes de antes. Se fosse criado um serviço, ele deveria ter sido completamente novo.
Contudo, quando o NSFNET (National Science Foundation Network) foi construído, ainda na década em questão, ela tinha como grande objetivo, dar sobrevida a um sistema que ainda ‘engatinhava’.
Era um avanço significativo e um alinhamento para conectar os pesquisadores dos Estados Unidos a outros centros que estavam entrando ‘de cabeça’ nesta nova tecnologia. A iniciativa chamava-se “Iniciativa Federal de Computação de Alto Desempenho dos Estados Unidos”
E para que a NSFNET não se sobrecarregasse demais, foi passado para a DARPA (Defense Advanced Research Project Agency) as função de:
- Administração para nomes de domínios;
- E blocos de endereços IP.
E, antes de mais nada, vale ressaltar que, após a Internet ir para os quatro cantos daquele país, utilizando da infraestrutura de pesquisas, tivemos os primeiros casos de construção de protótipos comerciais para que os nomes e endereços fossem distribuídos de forma adequada e com certo controle.
Demanda e oferta
Primeiramente, vale ressaltar que, se houvesse um ambiente ilimitado de possibilidades, aí sim poderíamos dizer que seria desnecessário tratar os Endereços IPV4 como mercadorias.
Porém, em nosso caso atual, existe mais demanda do que oferta. Por consequência, os preços em locais como esses, se elevam.
Não dá para dizer que isso foi algo pensado. Pois, antigamente, tudo era muito novo e tal mercado estava se estabilizando e sendo incrementado. Com o aumento da pressão e a escassez dos endereços, nos anos seguintes, medidas foram sendo tomadas para que houvesse maior eficiência.
Desta forma, o IPv6 chegou. Porém, ao contrário do que prevíamos, superamos boa parte das barreiras, sem que o mesmo fosse implementado. Resultado? O boom nos endereços IPv4 se deu nos anos 2000. Principalmente porque, muitos de nós conseguimos comprar nossos celulares e smartphones.
Desta forma, precisou-se retomar os diálogos sobre IPv6, mesmo sabendo que sua alocação iria demorar.
A crise chegou, assim como o mercado que precisou redistribuir os IPv4.
O MERCADO SE MOBILIZA
Neste mercado há duas possibilidades mais comuns:
- A empresa pode realizar uma compra do endereço IPv4 sem data específica para o término (e pode comprá-la de um já existente);
- Ou alugar o endereço por um tempo pré-determinado e, consequentemente, devolvê-lo ao fim do contrato.
Existe resposta certa entre comprar ou alugar um endereço? Não, porém, vale questionar-se sobre suas principais necessidades e prioridades. Tudo para que não gaste seus esforços e seu dinheiro equivocadamente.
Este comprador até pode acreditar que tal mercado permanecerá por muito tempo, porém, devemos avaliar que a oferta não é infinita e a procura é. Portanto, os valores serão somados conforme tal percalço atinge os consumidores.
Não será nada absurdo se, aquele que detém os bens, inserir preços exorbitantes. Por isso a diferença entre compra e locação. A segunda opção te dá possibilidades maiores e mais equivalentes.
Agora, quando o IPv4 for apenas uma ‘lembrança’, tal ativo ficará sem valor. Ou seja, quem os tiver em mãos poderá ter prejuízo e, consequentemente, dificuldades absurdas de vendas ou mesmo de locação. É uma aposto arriscada e, com isso, deve-se levar em conta se vale a pena.
Quando algo fica escasso, precisa ser substituído. E, por vezes, esta ‘outra opção’, pode ter custos maiores. Porém, agora, é ela quem dará as cartas e estabelecerá o novo teto de gastos.
Mesmo que especialistas defendam esta tese para a inserção do IPv6, há outros concorrentes em questão. É o caso do NATs (Network Address Translators), que dará suporte e mais eficiência ao IPv4 e seus endereços, pois:
- Um único endereço pode ser usado por diversos clientes – em períodos diferenciados;
- A multiplexação depende do uso dos clientes e do compartilhamento dos endereços NATs;
- Além do compartilhamento, os NATs podem ser usados como terminais. Porém, deve-se manter o protocolo de transporte, além do número de portas.
- Sendo assim, os endereços do IPv4, que antes estavam em 4 bilhões, passam para 1 trilhão de terminais.
Um número extremamente expressivo. E mesmo que não cesse o problema, dá tempo para que a implementação do IPv6 seja feita com calma e organizadamente.
MAIS NÚMEROS E ESTIMATIVAS
Os números do IPv6 apontam algo que chegue próximo dos 58 bits. Ou seja, a eficiência do IPv4 + NATs seria comparativamente igual. Se isso for, de fato, comprovado, há outra questão a ser levantada:
- Valeria a pena, portanto, fazer a infraestrutura para o IPv6?
Depende. Pois, ao que tudo indica, para fazer a aquisição do mesmo, o custo é baixo. Mas, sairia caro toda a operacionalização. Já seu concorrente, IPv4 + NATs, é caro para ser adquirido e outros custos abaixo do que se espera do IPv6.
Este período de sobrevida do IPv4 depende destes fatores listados acima, mas também do tempo para implementação do IPv6. Sem contar que, as primeiras empresas que contratarem o IPv6, podem jogar recursos sobressalentes na tecnologia anterior e provocar algum tipo de colapso.
Até porque, outro indício deste problema, é a adoção massiva do IPv6. Isto faria com que a tecnologia dominasse o mercado e os endereços antigos, não suportariam tal mudança abrupta.
HÁ NECESSIDADE DE ENDEREÇOS EXCLUSIVOS?
No meio desta briga, podemos destacar uma terceira vertente. Ou seja, diversos provedores de internet de conteúdo conectam e transmitem diretamente de seus datacenters.
Eles, em todo caso, trabalham com o sistema de nuvem e fora dos modelos de pacote. Por isso, vem o questionamento: há necessidade de endereços exclusivos?
Nada muda, se analisarmos o provedor de conteúdo. Mas, diferentemente disso, há muitas mudanças referentes à demanda de endereços IP globais.
SITUAÇÃO INCERTA
Esta preocupação que temos hoje, pode ser resolvida com o uso dos pacotes de IPv6, somando-se aos sistemas de distribuição e a infraestrutura de nuvem.
Mas outros modelos podem ser levados em conta. Como, por exemplo:
- Modelo cliente-servidor. Nele é possível maior confiabilidade e o dobro de acesso de distribuição.
Dito isso, é fato que, em breve o valor do IPv4 se reduzirá, porém, tal intempérie pode perdurar por anos ou décadas.
Lembre-se, o pico de preços de IPv4 ainda não alcançou o topo. Por isso, quem segurar tais endereços agora, poderá conquistar boas quantias em breve.
Mesmo que os preços do ano de 2021, referentes a este nicho, tenham aumentado, é possível que isso se expanda, que haja uma bolha crescente que, quando estourar, terá um impacto potente e devastador.
Atualmente, por exemplo, mesmo sem qualquer razão clara, tivemos duplicação de preços. Mas seria este o início da tal ‘bolha’? Difícil dizer. E é por isso que chamamos esta vertente de ‘especulação’.
CONCLUSÃO
Por fim, este foi apenas o início das experimentações no que diz respeito à rede mundial de computadores. Tudo isso cresceu e se expandiu para que tivéssemos a qualidade de movimentação de dados que temos hoje em dia.
Não dá para negar, contudo, que existem melhorias a serem feitas. Dentre elas, maior segurança na entrega e, porque não, nos próprios endereçamentos.
A escassez, e alta valorização dos blocos IPv4 vem se refletindo no Brasil e no mundo.
Fonte: Apnic
Entenda o esgotamento dos blocos ipv4 neste link.